1.1)  Breve história da evolução do automóvel

Décadas mais tarde em pleno andamento da revolução industrial, já na primeira metade do século 19, surgiram os veículos que utilizavam a máquina a vapor. Estes veículos eram muito pesados, lentos e barulhentos para se deslocar de forma eficiente e caíram em desuso. Já na segunda metade do século 19 surgiram os primeiros motores de combustão interna. Nestes motores, o combustível queimava dentro de um cilindro e impulsionava um pistão. A partir desta brilhante inovação, em pouco tempo, surgiram os protótipos do veículo que pode ser considerado o primeiro modelo de automóvel.


 

Em seguida a empresa francesa Panhard et Levassor, iniciou a sua própria produção e venda de veículos. Até que em 1892, o visionário Henry Ford produziu seu primeiro veículo em Detroit, no estado de Michigan nos Estados Unidos da América. Ford tinha uma habilidade para a engenharia quando ele construiu um carro experimental em 1896 com um motor de dois cilindros e potencial de 20 mph (milhas por hora). Em 1899 ele deixou este trabalho, a fim de organizar a Detroit Automobile Company[ii].


Entre as muitas etapas da evolução do automóvel atual destacam-se a criação do carro experimental (quadricículo) seguida da fundação da Ford Motor Company em 16 de Junho de 1903. Henry Ford fundou a fabrica de automóveis que carregava o seu nome, com um investimento de US$ 28.000 feito a partir de doze investidores e principalmente os irmãos John e Horace Dodge que mais tarde ganharam notoriedade e criaram a sua própria companhia[iii]. Ainda nesta década Robert Bosh patenteou a vela de ignição na Alemanha em 1902. Até que surgiu o primeiro veículo com um radiador que não passaria por nenhuma transformação, este veículo tornou-se o lendário Rolls Royce[iv]. O primeiro veículo motorizado a ser produzido com propósito comercial no mundo, foi um carro com apenas três rodas. Este carro foi fabricado, em 1885, pelo alemão Karl Benz. Depois foram surgindo outros modelos, vários deles com motores de dois tempos, como o primeiro veículo criado por Gottlieb Daimler[i].


A primeira produção da Ford foi em 1903, o Modelo A, que vendeu 1.708 carros na primeira temporada e os modelos da Ford evoluíram até que chegassem ao modelo do Ford T, ou Tin Lizzie (foto abixo) em 1909[v]. Cujos conceitos comerciais e a linha de produção acabariam revolucionando o mundo.

Source: Wiki Commons and Time Magazine

Em 1914, os irmãos Dodge começaram com uma produção de peças depois desenvolveram sua própria indústria automobilística. Dois anos depois, eles criaram o conceito que virou moda e passou a ser usado com freqüência, de carroçaria toda em aço. Em 1916 o preço de seus carros era de 785 dólares e a empresa era a quarta em total de vendas nos Estados Unidos, com 70.700 carros vendidos.

Em apenas quatro anos a Dodge tornou-se a segunda montadora em vendas globais e o modelo Dodge 4 era o seu principal produto com 1.000 carros produzidos por dia[vi]. Nos anos 20, os irmãos faleceram e em 1928, a Dodge Brothers foi vendida para Walter Chrysler por US$ 175.000.000, desde então ela passou a integrar a Chrysler Corporation[vii].

Em 1906, a empresa Rolls Royce Limited foi fundada por Henry Royce e Charles Rolls e em 1914, eles produziram o seu primeiro motor de avião. Cerca de metade dos motores dos aviões usados pelos Aliados na I Guerra Mundial foram feitos pela Rolls-Royce, e ao final de 1920, os motores aeronáuticos já eram a maior parte do negócio da Rolls-Royce.

Após a Primeira Guerra Mundial, os fabricantes partiram para uma linha de produção mais barata, os automóveis tornaram-se mais compactos e foram fabricados em série. O Ford-T tornou-se extremamente popular devido ao seu preço de US$ 850, o tamanho do motor, velocidade e o consumo de combustível a 40 mph (milhas por hora) e entre 1908 e 1927, mais de 15 milhões de carros foram fabricados pela Ford[viii]. Tanto Henry Ford, nos Estados Unidos, quanto Willian Morris, na Inglaterra, já detinham a tecnologia para produzir em serie os modelos como: o Ford-T, o Morris e o Austin, que, obtiveram vendas e produções históricas. Impressionados com tais resultados as outras fábricas também começaram a produzir veículos em série.

Na década de 20, as manivelas de partida dos primeiros carros a gasolina começaram a ser substituídas pelos motores de partida usando o sistema Bendix. Três décadas mais tarde, a Mercedes lançava o primeiro automóvel ligeiro a diesel. Na seqüência o acionamento do carro passa a ser através do motor elétrico ligado por um botão que evoluiria para a chave de ignição que ainda existe até hoje. 

Por norma de segurança, o tanque passou para a parte de traz situado em um nível mais elevado do que o motor e até os anos de 1928 o combustível fluía por gravidade. Surgiram então os problemas da subida de ladeiras mais íngremes em que o desnível do tanque em relação ao motor deixava de existir e a gasolina não fluía, criou-se então a bomba da gasolina no tanque.

Os pneus também obtiveram uma evolução acentuada desde os de borracha maciça da época das carruagens até os atuais. Uma fato interessante nos anos vinte é que em partes da Europa não havia a rede de estradas e muito menos a infra-estrutura de atendimento, assim sendo, o veículo partia com gasolina adicional armazenada em latões, água para repor no radiador, alimentos e etc. Como não existia o estepe, o recém criado pneu com câmera, ao furar exigia habilidade e criatividade do condutor e este pneu era varias vezes preenchido com capim.

Se continuarmos a descrição em detalhes da evolução do automóvel, escreveremos outro livro. Esse não é nosso objetivo, pelo menos neste momento. Para que o carro atual chegasse ao nível de conforto, simplicidade, segurança e manutenção relativamente fácil, foram necessários anos de aprimoramento. Os sistemas de motor, transmissão, freios, componentes elétricos, suspensão, direção, pneus, vidros e carroceria passaram por evoluções contínuas, assim como as linhas de montagem, as redes de distribuição e a comercialização. O sistema de abastecimento de postos provedores de combustível também passou por grandes evoluções, a tecnologia inicial usada nos postos de gasolina utilizava bombas de abastecimento que eram movidas à manivela com registrador mecânico. Nos anos 1920, 1930 e 1940, os caminhões-tanque que faziam a entrega de gasolina nos postos tinham correntes de aço presas ao tanque, as quais iam até o chão, se arrastando quando o caminhão entrava em movimento. A finalidade de tais correntes era descarregar a energia estática que se acumulava na carcaça e que já havia causado várias explosões e incêndios na hora de abrir a tampa do tanque para descarregar o combustível. Os erros e acertos desse processo evolutivo até chegar ao veículo atual constituem um exemplo crucial para a criação do carro moderno com baixas emissões.


Curiosidade sobre a segurança dos veiculo antigos versus novos

Recentemente, foi conduzida uma experiência de colisão frontal entre dois carros da mesma capacidade, um foi fabricado nos anos 60, com os requisitos de segurança da época e possuía uma chaparia grossa pesando quase duas toneladas. O outro veiculo era uma modelo 2009 pesando pouco mais que uma tonelada com os requisitos de segurança atuais. O resultado é que os bonecos representativos dos passageiros do carro antigo sofreram danos considerados irreparáveis, enquanto que os do modelo atual sofreram danos considerados escoriações leves. Devido aos avanços tecnológicos que permitem a construção de chaparias mais leves, células de sobrevivência e air-bags, que fazem a diferença.

Fonte: Jornal do Brasil, seção automóveis 2010


[i] Kimes, Beverly R. Pioneers, Engineers, And Scoundrels: The Dawn Of The Automobile In América. SAE International ISBN-10: 076801431X (2004)

[ii] Bak, Richard. Henry and Edsel: The Creation of the Ford Empire (2003)

[iii] May, George S. A Most Unique Machine: The Michigan Origins of the American Automobile Industry Eerdman's, (1975).

[v] Ford, Henry; with Crowther, Samuel. My Life and Work. Garden City Publishing Company, Inc, including ISBN 9781406500189. Garden City, New York, USA(1922).

[vi] Hyde, Charles K. The Dodge Brothers: The Men, The Motor Cars, And The Legacy (Great Lakes Books). Wayne State University Press (April 2005) ISBN-10: 0814332463.

[vii] Courtesia de universidade de Bryant University (projeto Chevrolet).

[viii] Nevins, Allan; Frank Ernest Hill. Ford: The Times, The Man, The Company. New York: Charles Scribners' Sons (1954).